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Biografia de FREDERICO FIGNER 1866-1947

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FREDERICO FIGNER 1866-1947
Israelita de nascimento, viveu no lar paterno os preconceitos de sua raça contra o Carpinteiro de Nazaré.
Na verdade, porém, Fígner, como muitos outros judeus, não tinha religião alguma.
Foi no Brasil e quando já negociante próspero, com seu estabelecimento comercial e industrial no Rio de Janeiro e uma sucursal em São Paulo, que Fígner foi chamado a conhecer a verdade. Nos últimos anos do século passado ou nos primeiros deste século, Fígner travou relações de amizade com Pedro Sayão, filho do saudoso doutrinador Antônio Luís Sayão, pai da célebre cantora Bidu Sayão. Pedro Sayão, durante cerca de dois anos, lhe freqüentava a loja e palestrava sobre Espiritismo e Cristianismo, sem que Fígner se impressionasse muito pelo assunto; porém, numa de suas visitas ao seu estabelecimento de São Paulo, Fígner ouviu a dolorosa história de um seu empregado, cuja esposa se achava gravemente enferma e necessitada de melindrosa intervenção cirúrgica. Ao regressar ao Rio, Fígner pediu a Pedro Sayão lhe obtivesse receita para cura da enferma de São Paulo. Veio a receita e a cura da doente, sem intervenção alguma dos médicos. Foi esse fato que inclinou Fígner a favor do Espiritismo.
Já impressionado com a cura da doente mediante uma receita mediúnica, Fígner foi procurado em sua loja por um pobre, pai de família desempregado, em penosa situação econômica. Ouviu-lhe o relato de suas aflições, deu-lhe um pouco de dinheiro e disse-lhe que voltasse oito dias mais tarde. Ao sair o necessitado, pela primeira vez na vida Fígner fez um pedido ao Carpinteiro de Nazaré: “Se é como dizem os cristãos que Tu tens poder, ajuda a esse pobre pai de família; arranja-Lhe
trabalho e meios de vida!”
Oito dias mais tarde, voltava o homem com o sorriso dos felizes e lhe narrava: “Já estou trabalhando e brevemente virei restituir seu dinheiro, Sr. Fígner. Fui procurado por uma pessoa que me convidou para um emprego inteiramente inesperado”.
Fígner se entusiasmou e repetiu semelhantes pedidos, com resultados sempre positivos. Em vez de pedir a Jesus, passou a pedir a Maria e igualmente os resultados não se faziam esperar. Encheu-se de fé que transporta montanhas e estudou com entusiasmo o Espiritismo e o Cristianismo. Passou a consagrar sua vida ao serviço dos outros.
Não se sabe ao certo quando se deu essa conversão, mas em 1903 já se encontram vestígios das atividades espíritas de Fígner na Federação Espírita Brasileira.
Por ocasião da gripe “espanhola “, em 1918, com 14 doentes em seu próprio lar e ele mesmo adoentado e febril, passava os dias inteiros na Federação, atendendo a doentes e necessitados que lá iam, em avalanches, buscar recursos para situações aflitivas.
Sua vida normal durante longos anos consistia em ir de manhã e a tarde à Federação tomar ditados de receitas de diversos médiuns, chegando a tomar 150 a 200 receitas por dia e a dar passes em numerosos doentes. Levantava-se às cinco horas da manhã e, antes de ir à loja, ia à Federação, de onde só saía quando terminava esse serviço de tomar ditados de receitas. Às quatro horas da tarde lá estava de novo para orar e dar passes em doentes. E curava mesmo os enfermos, pois que seus “fregueses”, como ele lhes chamava na intimidade, cresciam sempre de números.
Como propagandista da Doutrina, manteve sempre uma seção no “Correio da Manhã” que era lida no País todo. Em 1921 polemicou com o Padre Florêncio Dubois pela “Folha do Norte “, do Pará. Promoveu a publicação de muitos livros, custeando as edições. Foi à Inglaterra visitar o célebre “Circle of Crew”, onde o médium Willy Hope obtinha as famosas fotografias de extras; visitou, então, Sir Arthur Conan Doyle e outros grandes vultos do Espiritismo inglês.
Em 1920 perdeu a filha primogênita, e sua esposa ficou inconsolável. Ouvindo ele falar da médium de materialização D. Ana Prado, de Belém do Pará, decidiu-se a partir para o Norte. No dia 1º de Abril de 1921, embarcou com toda a família. O que sucedeu naquelas sessões acha-se relatado no livro do Dr. Nogueira de Faria, intitulado O Trabalho dos Mortos, pela senhora D. Esther Fígner, esposa de Frederico Fígner, a qual, apenas regressando das sessões e assistida por sua filha Leontina, escrevia relato minucioso de tudo que ocorrera.
Frederico Figner nasceu na madrugada de 2 de Dezembro de 1866, na casa humilde de n.º 37 da rua Teynska, em Milevsko, perto de Tabor, Tchecoeslováquia, então Boêmia e parte do Império austro-húngaro.
Era, portanto, compatriota de outro missionário que como ele vinha cumprir sua tarefa no Brasil, durante longa existência como brasileiro, entre os melhores, Francisco Valdomiro Lorenz, nascido em Zbislav, perto de Tcháslav, e chegado ao Brasil dois anos depois de Fígner. Ambos vinham da Pátria dos grandes mártires do Cristianismo, João Huss e Jerônimo de Praga, divulgar aqui os ideais superiores que conduziram os dois heróis aos tormentos da Inquisição. Fígner e Lorenz gravitaram para a Federação Espírita Brasileira que era muito jovem quando eles chegaram ao Brasil. Fígner venceu galhardamente a escorregadiça e perigosa prova da riqueza, Lorenz venceu com igual bravura os tormentos da pobreza e se tornou um dos mais cultos esperantistas do mundo, com várias obras publicadas.
Filho de pais pobres, Fígner tinha que imigrar para o Novo Mundo, como faziam os jovens da Europa Central, naquele tempo.
Aos treze anos sai do lar paterno e vai para a cidade de Bechim aprender um ofício. Em 1882, aos 16 anos, deixa definitivamente a terra natal. Parte com sua maleta de emigrante par Bremershafen, de onde, a bordo do vapor “Elbe” (como passageiro de terceira classe) , ruma para os Estados Unidos só levando dinheiro para a travessia. Contava Fígner um pormenor interessante dessa viagem . Sua mãe fizera e lhe dera para a viagem uma trança de pão doce. Chegando a bordo, nota que a alimentação de terceira classe é absolutamente insuportável. Divide então o seu pão doce, de sorte a bastar para todo tempo da travessia que durou 14 dias. Foi essa a sua única alimentação durante duas semanas.
Levava como modelo de conduta a tenacidade dos pais. Era o exemplo a imitar para vencer na vida.
Uma tempestade violenta foi o único incidente da travessia, mas foi-lhe rude a luta para adquirir estabilidade econômica de sorte a manter-se e ajudar os pais e irmãos. Estados Unidos, México, América Central e, finalmente, América do Sul, foram seus campos de luta econômica. No Brasil, esse filho de Israel encontrou sua Canaã . Estabeleceu-se, prosperou, conheceu uma jovem de peregrinas virtudes e alma de artista, D. Esther de Freitas Reys, filha de família ilustre.
Em 1897, Frederico Fígner e D. Esther de Freitas Reys fundavam, pelo matrimônio, seu lar feliz. Recebia ele o prêmio de suas grandes lutas de trinta anos, mas não sonhava repouso, que não era ideal de seu caráter vibrante. Desse feliz enlace nasceram seis filhos: Rachel, Aluízio, Gabriel, desaparecidos do mundo antes do venerado genitor; Leonilda, Helena e Lélia, muito devotados ao seu velho pai.
O serviço de Figner nas obras de assistência e no trabalho profissional afastava-o muito do lar, mas isso não prejudicava o cultivo de um afeto extremo entre pai e filhos. Amavam-se com ardor e respeitavam reciprocamente as idéias e crenças particulares de cada um.
Ainda nos últimos dias de sua vida, distribuía ele principescamente donativos por instituições e pessoas pobres de sua amizade, guiando-se pelo coração e nem sempre pelo cérebro, e só respeitando a fortuna das filhas.
Trabalhou e serviu abnegadamente até que a enfermidade o prendeu ao leito, poucos dias antes da partida. Completou oitenta anos em 2 de Dezembro de 1946, e em 19 de Janeiro de 1947, às 20 horas, partiu para o mundo espiritual, deixando abertos caminhos de luz sobre a Terra que pisara por tanto tempo.
Ao funeral compareceu uma multidão de amigos e admiradores. Diante da câmara mortuária, o Presidente da Federação pronunciou palavras de despedida e o Vice-Presidente fez uma prece. Ao descer o ataúde ao jazigo, no Cemitério de São Francisco Xavier, falaram com sentimento os Drs. Miranda Ludolf, Lins de Vasconcellos e o Capitão Silva Pinto.
A Federação Espírita Brasileira, após a morte de Fígner, publicou-lhe alguns dos escritos no livro intitulado – “Crônicas Espíritas “.
WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. FEB, 1ª edição. RJ
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A Mansão Figner, Milton B. Piedade, Brasil
Fonte: Boletim GEAE nº 452 de 25/03/2003
Frederico Figner (1866-1947) foi um homem de biografia bastante incomum. De espírito empreendedor, venceu galhardamente a escorregadiça e perigosa prova da riqueza.Conservava a candura do crente, a fé que transporta montanhas, sem cair no fanatismo religioso. Instruído em letras e línguas jamais se desviou da postura humilde. Cultivava as mais altas relações sociais paralelamente ao convívio amoroso com infelizes e sofredores.
Justas homenagens já foram feitas à este espírito empreendedor responsável por diversas novidades de sua época, como ter trazido ao Brasil o fonógrafo, o gramofone e o disco. Assim como ter criado a primeira gravadora de música nacional, a Odeon.
A ação industrial de Fred, como era carinhosamente chamado, no tempo em que não existia rádio, tem o valor de nobre apostolado patriótico. Teve a preocupação idealista de distribuir por todo o país nosso patrimônio artístico, genuinamente brasileiro.
De origem judaica nascido na Republica hoje chamada Eslováquia, num lar humilde, deixou sua casa aos 13 anos de idade em busca de seus ideais. Esteve em diversos países até que em 1.892 estabeleceu-se no Rio de Janeiro onde entre outras coisas, fundou a famosa Casa Edison e ajudou a divulgar a máquina de escrever em todo o Brasil. Por seus atos recebeu inúmeras homenagens após seu desencarne, entre elas foi considerado pelo jornal “A Noite Ilustrada” como “o mais brasileiro de todos os estrangeiros, o cidadão dos mil amigos, o protetor dos necessitados, filantropo dos mais legítimos e dedicados”.
Foi apresentado ao Espiritismo por volta de 1.903 por Pedro Sayão, pai da cantora lírica Bidú Sayão. Descrente inicialmente, apesar de Pedro freqüentar a filial do estabelecimento comercial que Frederico Figner tinha em São Paulo e ali, durante 2 anos palestrar com o amigo acerca do Espiritismo. Somente acompanhando a cura através de receita mediúnica da esposa de um funcionário, que Figner se inclinou ao Espiritismo. Dai a fazer parte da FEB como vice-presidente, tesoureiro e membro do Conselho Fiscal foi um pulo. Além de seus afazeres profissionais, onde fez fortuna, mantinha coluna no jornal “Correio da Manhã” em que divulgava o Espiritismo. Alma generosa, chegou a acolher em sua própria casa 14 enfermos vítimas do surto da gripe espanhola que assolou nosso país em 1.918 e que não raramente conduzia a morte.
Seu trabalho em tomar ditado de receitas espíritas e dar passes a enfermos celebrizou-se em sua época. Chegava a tomar 150 a 200 receita por dia e atender inúmeros necessitados que conheciam sua dedicação através dos jornais da época. Com uma disciplina digna de louvores dividia seu tempo entre a atividade profissional e os afazeres espíritas, chegando a presidir diversos grupos na sede da FEB e em seu lar. Promoveu a publicação de muitos livros, sempre custeando as edições.
Viajando ao exterior buscou contato com o médium Willy Hope e encontrou-se na Inglaterra com Sir Arthur Conan Doyle.
Por solicitação de um grupo de atores Figner doou terreno de sua propriedade em Jacarepaguá para a construção do Retiro dos Artistas. Auto-didata e de extrema coerência ao viver a Doutrina em sua plenitude; não deixou um grande livro com suas idéias, Fez mais, deixou suas obras e exemplo de servir com dignidade.
Como sabemos, Frederico Figner foi o autor espiritual com o pseudônimo de irmão Jacob, pela psicografia de Chico Xavier do livro “Voltei”, editado pela FEB.
Se não deixou uma grande obra literária enquanto encarnado, deixou-nos seu testemunho de como despertou na espiritualidade. Em “Voltei” ele diz: “É para vocês – membros da grande família que tanto desejei servir – que grafei estas páginas, sem a presunção de convencer! Não se acreditem quitados com a Lei, por haverem atendido a pequeninos deveres de solidariedade humana, nem se suponham habilitados ao paraíso, por receberem a manifesta proteção de um amigo espiritual!”.
Trouxe-nos ensinamentos importantes através da auto crítica e reencontro com sua consciência desprendida da matéria.
Admitiu os apegos à autoridade e seu orgulho, pois “quase me considerei ofendido, quando os benfeitores espirituais me cortaram a probabilidade do retorno apressado”. Com a humildade que o caracterizara em vida, reagiu: “comecei a guerrear meu individualismo gritante e, examinando a respeitabilidade dos interesses alheios, não me senti suficientemente encorajado a interferências que redundassem no prejuízo do bem geral”.
Mais uma justa homenagem é prestada agora ao nosso dedicado companheiro espírita. Aspectos importantes de sua vida estão resgatados em uma exposição num recém-criado espaço cultural. É “A Mansão Figner – O Rio na Belle Époque”.
Funcionando onde foi sua residência à Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo, Rio de Janeiro, a mansão foi adquirida pelo Sesc-Rio de Janeiro, que a restaurou pelo minucioso trabalho de pesquisa do arquiteto Marcos Moraes de Sá. Um grande painel conta de forma cronológica, fatos marcantes da vida de Figner juntamente com acontecimentos importantes da época.
Também estará a venda no local o livro “A Mansão Figner – O ecletismo e a casa burguesa no início do século XX”.
Além de seus feitos que estão já imortalizados, fiquemos com a lembrança do homem, conforme nos relata Viriato Correia (1.884 – 1.967), jornalista, teatrólogo, romancista e membro da Academia Brasileira de Letras: “Aos 80 anos tinha as vibrações, os entusiasmos, as vivacidades das juventudes estouvadas. Quem o via pelas ruas, suado, chapéu atirado para a nuca, falando aqui, falando ali, numa pressa de moço de recados, pensava estar vendo um ganhador que, em cima da hora, corria para não perder a hora do negócio. No entanto, não era para ganhar que ele vivia a correr. Rico, muito rico, não precisava entregar-se a vassalagem do ganho. Corria para servir os outros, corria para ir ao encontro dos necessitados”.